quinta-feira, 11 de maio de 2017

Crescer.




Dezesseis anos já não era mais uma criança, tão pouco adulta. Sem grandes responsabilidades, nada com o que se preocupar. Contudo, tudo mudou quando a vida tornou-se uma montanha russa sem fim entre seus altos e baixos. Muitas vezes mais baixos do que altos.
Apaixonou-se.
Provou a primeira vez do mais puro amor, com seu sabor adocicado e outras vezes tão amargo que mais parecia outro sentimento. Amou como se os dias dependessem de tal ação, como se lhe bastasse só amar para viver um dia após o outro. E bastava.
A vida nunca havia sido tão bonita antes dos seus dezesseis. Se lhe perguntassem sobre a felicidade, diria que a tinha desde a ponta dos dedos dos pés até o último fio de cabelo. Sorrir era tão fácil, bastava apenas uma lembrança das palavras ditas por quem amava, assim sorria até mesmo para o senhor desconhecido na fila do mercado. Sorria para si mesma a todo o tempo.
Aos dezessete seu mundo passou a desmoronar um pouco a cada dia. Mas não era de grande alerte, pois sabia que tudo poderia ter conserto. Havia de ter conserto depois de uma discussão boba, depois da falta de presença... 
Nada era capaz de derrotar o tal do amor.
Grande engano. Aos dezoito chorava pelos cantos perguntando-se onde havia errado e então, seus dias tornaram-se trágicos como se fossem sempre os últimos. Pela primeira vez em sua curta vida sabia o que era sofrer por outra pessoa.
Cresceu de um dia para o outro.
A menina de sorrisos fáceis passou a poupá-los. Ninguém mais parecia bom o bastante para vê-los nascer. Seus medos eram grandes, por isso escondia-se dentro de si mesma, tão confusa estava com os novos sentimentos que provava. Não eram bons, não deviam de ser.
Tornou-se adulta. E quem disse que adultos não tinham medos?
Com vinte e quatro a insegurança ainda é uma de suas melhores amigas, caminha ao seu lado de mãos dadas. Medo do futuro, medo de amar novamente, medo de não ser boa o suficiente.
Medo de viver.
Crescer não lhe parecia tão assustador a oito anos atrás. Maldito seja o amor, maldito seja aquele que o descobriu.

Azar foi crescer.